A cannabis é uma planta cujos usos variam significativamente conforme sua aplicação. Este artigo explora as diferenças entre a cannabis medicinal e a cannabis recreativa, abordando as distintas formas de utilização, as implicações legais e os benefícios terapêuticos associados ao uso medicinal.

Definição e Propósitos

Cannabis Medicinal

A cannabis medicinal refere-se ao uso da planta Cannabis sativa ou seus derivados para tratar sintomas ou doenças específicas sob a supervisão de um profissional de saúde. Os componentes mais comumente utilizados na cannabis medicinal são o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD).

Usos Comuns:

• Controle da dor crônica
• Redução de náuseas e vômitos associados à quimioterapia
• Estímulo ao apetite em pacientes com HIV/AIDS
• Tratamento de espasticidade em esclerose múltipla
• Controle de crises epilépticas

Cannabis Recreativa

A cannabis recreativa é usada principalmente para fins recreativos ou recreacionais, visando a obtenção de efeitos psicoativos, ou "euforia". Geralmente, esse tipo de uso não tem supervisão médica.

Usos Comuns:

• Recreação
• Relaxamento
• Experimentação social

Abordagens Distintas

Regulamentação e Legalidade

A regulamentação da cannabis medicinal e recreativa varia amplamente entre diferentes países e estados. Em muitos lugares, a cannabis medicinal é legalmente permitida com a prescrição de um médico, enquanto a cannabis recreativa ainda enfrenta maiores restrições legais.

• Cannabis Medicinal: Em países como Canadá e muitos estados dos EUA, a cannabis medicinal é legalizada e regulamentada. Pacientes precisam de uma receita médica para obter a cannabis em farmácias ou dispensários autorizados.
• Cannabis Recreativa: A legalização da cannabis recreativa é mais restrita e, mesmo em locais onde é permitida, a venda e o consumo são regulados para controlar a qualidade e restringir o acesso a menores de idade.

Padrões de Qualidade e Segurança

A cannabis medicinal passa por processos rigorosos de controle de qualidade para garantir a segurança e eficácia. Isso inclui testes para pesticidas, metais pesados e concentração de THC e CBD.

• Cannabis Medicinal: Cultivada sob condições controladas para garantir a pureza e a concentração exata de compostos ativos. Os pacientes recebem produtos com dosagem precisa para tratar condições específicas.
• Cannabis Recreativa: Embora também possa ser cultivada e vendida sob regulamentação, os padrões podem ser menos rigorosos em comparação com a cannabis medicinal. Há maior variabilidade na concentração de THC e outros compostos.

Pesquisa e Evidências Científicas

A pesquisa científica sobre a cannabis medicinal tem crescido significativamente, fornecendo evidências sólidas sobre seus benefícios terapêuticos. Diversos estudos apontam para a eficácia da cannabis medicinal no tratamento de várias condições médicas.

• Cannabis Medicinal: Estudos revisados por pares têm demonstrado os benefícios da cannabis medicinal. Por exemplo, a American Academy of Neurology encontrou evidências de que a cannabis pode ajudar a reduzir os sintomas de esclerose múltipla (MS) . O National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine também publicou um relatório abrangente destacando os benefícios e riscos da cannabis medicinal, concluindo que há evidências substanciais de sua eficácia no tratamento da dor crônica em adultos .
• Cannabis Recreativa: Menos focada em pesquisa científica rigorosa, a cannabis recreativa é mais estudada sob a ótica dos efeitos sociais, psicológicos e econômicos de seu uso.

Conclusão

A distinção entre a cannabis medicinal e a cannabis recreativa é clara em termos de propósito, regulamentação e abordagem. A cannabis medicinal, respaldada por pesquisas científicas e regulamentação rigorosa, mostra-se uma alternativa eficaz para o tratamento de várias condições médicas. A cannabis recreativa, embora também regulamentada em alguns lugares, é utilizada principalmente para fins recreativos e sociais. É essencial que pacientes e consumidores estejam cientes dessas diferenças para fazerem escolhas informadas.



Fontes:

1. Koppel, B. S., Brust, J. C. M., Fife, T., Bronstein, J., Youssof, S., Gronseth, G., & Gloss, D. (2014). Systematic review: Efficacy and safety of medical marijuana in selected neurologic disorders: Report of the Guideline Development Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology, 82(17), 1556-1563.
2. National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine. (2017). The health effects of cannabis and cannabinoids: The current state of evidence and recommendations for research. Washington, DC: The National Academies Press.